Capítulo Treze

Como eu imagino você – Pedro Guerra | Resenha

Não consigo definir o formato do seu rosto, muito menos se aquele borrão embaixo é uma barba rala ou não. Percebo que o cabelo é volumoso e tento desenhar na minha mente as ondas que aqueles fios formam. Uma doença rara diagnosticada na infância nunca impediu Helena de enxergar o mundo, e mesmo com todos os obstáculos, ela é uma jovem alegre, independente e muito sensível. Mas é à noite que Lena sente seu coração se encher de dúvidas e agitação ao se “encontrar” com um misterioso rapaz que surge constantemente em seus sonhos. E, apesar de não enxergá-lo com nitidez, ela sabe exatamente como ele é. Um dia, seus pais precisam fazer uma viagem e a jovem é obrigada a ficar sozinha em casa. Quer dizer… não totalmente sozinha. Sua mãe havia contratado um rapaz para cuidar do jardim. E aquilo que parecia ser uma visita indesejada pode trazer uma enorme mudança em sua vida. Para sempre… “Posso vê-lo mais do que a minha capacidade de enxergar permite. Consigo ver que ele é diferente.”

Romance | 190 páginas | Editora Gutenberg

Como eu imagino você foi o primeiro livro escolhido para o Projeto Buddy Read, que conta com a participação de mais dois blogs (That is real me e Escrevendo e Rabiscando). O livro de Janeiro deveria ser um lançamento de até quatro meses atrás, e por isso escolhemos este. A narrativa em primeira pessoa conta sobre Helena, uma garota de 18 anos que tem uma doença onde sua visão frontal é totalmente prejudicada, tendo somente 20% dela. Ela só consegue enxergar com a ajuda de óculos e uma lupa, e mesmo assim dificilmente. Porém, sua visão periférica é completamente perfeita, o que seria um prêmio de consolação se ajudasse em alguma coisa.

Seus pais, que são biólogos, precisam viajar a trabalho mas não querem deixar Lena sozinha em casa. Depois de muito insistir, ela consegue um voto de confiança e pela primeira vez irá passar alguns dias sozinha. O problema é que sua mãe acabou contratando um jardineiro para cuidar do jardim da casa dela, e se esqueceu completamente de avisá-la. Lena tem medo de que um homem possa se aproveitar da sua deficiência, o que não é bem o que acontece.

Minha autoria

Alex tem apenas 21 anos e é muito gentil. Enquanto trabalha no jardim da casa de Lena, ele e ela vão se conhecendo melhor, até Lena descobrir que Alex é o garoto dos sonhos dela, literalmente. Há alguns dia atrás Lena começou a sonhar com um homem que nunca viu, mas que a deixava inquieta. Imagina a surpresa dela ao descobrir que Alex e o homem dos sonhos tem o mesmo rosto. Como será possível que seu sonho tenha se tornado real?

Com a ajuda de Lucas, seu melhor amigo, Lena vai começar a procurar respostas para suas perguntas ao mesmo tempo que Alex entra de uma vez em sua vida.

O mundo é cego. Ninguém se importa com a história dos outros. Somos todos videntes para aquilo que nos importa e é só isso.

A narrativa de Pedro Guerra é muito simples e até gostosa de ler. Gostei muito de como ele conduzia cada diálogo e cada acontecimento da história, mas acho que a leitura poderia ter sido mais proveitosa se eu tivesse me conectado ao casal principal. De início eu não sabia bem o que esperar dessa obra, e de alguma forma ela me surpreendeu. Citar coisas místicas como clarividência, sentido extrassensorial deu um toque ousado a obra, e eu mesma que não acredito nisso, me via louca para saber o que realmente estava acontecendo, mas isso foi pouco explorado na trama, achei que apareceu de uma forma superficial, apenas para dar uma explicação dos sonhos de Lena.

Minha autoria
E por falar nela, Lena é uma personagem carismática, você consegue sentir seus medos e expectativas em relação a sua doença, que não a faz mais especial que ninguém, mas a faz mais forte. Gostei do humor ácido dela, de como ela usava seus argumentos com os pais. Lucas também é um personagem fofo, sarcástico e melhor amigo da Lena. Achei mesmo que teríamos um triângulo amoroso aqui, o que felizmente não acontece. Meu problema inteiramente foi com o Alex. Não gostei do personagem, achei ele um mala, como se tivesse algo sendo escondido por parte dele. Minha maior dificuldade em livros assim é gostar do casal porque eu vejo que os autores colocam um par “mais do que ideal” pros personagens, aquele personagem que é perfeito, te entende, não tem defeitos e Alex foi exatamente assim. Enquanto Lucas era divertido e espontâneo, Alex era completamente mecânico. Minha opinião em relação a ele foi tão ruim que eu até desejei que Lucas fosse o escolhido da Lena, o que vocês percebem que não rolou.

O fato de não ter gostado do Alex ajudou para eu não ter aproveitado muito a obra. Toda vez que Lena via ele, falava com ele, ela endeusava ele de alguma forma, como se ele fosse o Sol da Terra dela, como se ela nunca tivesse sido tão feliz sem ele junto, isso me deu náuseas. Talvez você que for ler este livro goste mais do personagem e assim crie uma empatia maior com ele, comigo não rolou e por isso eu não gostei muito de Como eu imagino você.

Minha autoria
Pra não mentir, eu até comecei a gostar do Alex, mas umas 10 páginas antes do livro acabar, que foi outra coisa que me incomodou. As histórias com poucas páginas geralmente conseguem ser leves e despretensiosas, mas Como eu imagino você me pareceu uma história sem diversão, pouco aprofundada e com elementos que poderiam sim, terem sido melhor trabalhados. Teve uma cena lá que eu ainda estou entendo porque diabos ela foi aparecer aqui, tipo, não tinha conexão nenhuma com a história, simplesmente apareceu na narrativa, dando alusão a um outro tema que poderia ter sido trabalhado, mas que o autor só preferiu pincelar em uma simples página. Ou seja, ficou estranho.

Não só de defeitos se faz o livro, eu realmente gostei da Lena, do Lucas e de sua situação. Acho que foi muito interessante ver uma pessoa tão jovem perdendo sua visão, foi triste também constatar que Lena nunca poderia saber realmente como é seu rosto, já que ela não consegue enxergar isso. Gosto de livros com temas assim, que acabam nos deixando fora da zona de conforto. Teve resenhas que li que as pessoas disseram que choraram com a história. OK, eu acho que não é pra tanto. O livro pode sim emocionar se você acabar gostando de tudo, mas de alguma forma, ele soa tão superficial que eu acho difícil realmente se sentir impactado pela história. Antes de terminar, queria falar sobre essa edição que ficou maravilhosa, eu amei essa capa, ela é linda!

Minha autoria
Como anda o projeto?
JAN – livro que tenha sido lançado nos últimos 4 meses

FEV – capa colorida

MAR – escrito por uma mulher

ABR – Ana escolhe

MAIO – fale sobre mãe/família

JUN – Miriã escolhe

JUL – Rebeca escolhe

AGO – ler pelo menos 2 livros no mês

SET – livro nacional

OUT – livro de suspense/terror

NOV – protagonista homem

DEZ – livro que fale/se passe na época do Natal

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