Capítulo Treze

Minha pequena mulher – Kel Costa | Resenha

Arthur Salazar é um advogado quarentão que leva seu trabalho muito a sério, vive quase exclusivamente para isso e não dedica muito tempo da sua vida para relacionamentos amorosos. Alguém que gosta de ouvir música enquanto toma um vinho na tranquilidade de seu apartamento. Um homem de coração enorme, marcado por uma perda que jamais vai esquecer.
Marina Leão é órfã e irmã caçula do melhor amigo de Arthur, que morreu num acidente de carro e virou o mundo deles de cabeça para baixo. Ela era a “garotinha dos olhos” dos dois, a princesa do trio, por quem eles dariam a própria vida. Quando Felipe morreu, o advogado não viu outra solução a não ser deixar a pré-adolescente ir morar com a tia no Rio de Janeiro, mas alguns anos depois, quando ela se torna maior de idade e começa a demonstrar atitudes que ele desaprova, Arthur percebe que a decisão de afastá-la não foi a melhor.
Os dois não poderiam ser mais diferentes. Ele, recluso, sério, fechado. Um homem perspicaz, de convicções firmes, sócio de uma das maiores firmas de advocacia de São Paulo. Ela, jovem demais, frequentadora dos bailes funks do Rio de Janeiro, digital influencer e amante da exposição de imagem.
Voltando atrás na decisão de mantê-la afastada, Arthur traz Marina de volta para ser criada sob seus cuidados. Ela tenta ignorar seu coração, mas a proximidade entre eles e a reconquista da intimidade torna a convivência pacífica extremamente difícil. O homem durão que lida facilmente com criminosos todos os dias está prestes a sofrer nas mãos de uma morena que sabe bem os poderes que possui.
AVISO: Conteúdo para maiores de 18 anos, pois possui cenas eróticas.
A história aborda temas como bulimia e transtornos alimentares, podendo acionar gatilhos em pessoas sensíveis ao assunto.


Arthur Salazar é um advogado solteirão bastante famoso no estado de São Paulo que agora precisa cuidar da irmã mais nova de um falecido amigo. Marina Leão conhece Arthur desde quando era um bebê, e agora que voltou a morar em São Paulo com ele, os antigos sentimentos que a garota nutria por ele insistem em voltar. O problema logicamente é que Arthur tem 40 anos e a enxerga somente como uma garotinha, coisa que ela está ansiosa em mudar. 
Minha pequena mulher tem uma premissa muito legal já que irá retratar o romance de um homem mais velho com uma garota de apenas 19 anos. E as coisas ficam mais interessantes quando descobrimos que essa garota é a irmã do seu falecido melhor amigo, Felipe. Desde o trágico acidente há quatro anos atrás que tirou a vida dele, Marina tem morado com a tia e os primos em um bairro do Rio de Janeiro, mas devido alguns problemas com sua criação, Arthur resolve que ele mesmo irá “educá-la” e pede que a moça vá para São Paulo com ele. 

Talvez estivéssemos ligados por fios invisíveis há mais tempo do que eu imaginava.

Marina que agora é influencer digital acha ótimo a mudança de lugar, afinal ela poderia passar mais tempo com Arthur, sua paixão platônica da adolescência. Mas conviver com uma mulher na flor da idade, inocente mas ao mesmo tempo atrevida, não será algo tão fácil para Arthur, ainda mais quando a mulher em questão fará de tudo para seduzi-lo.

Você continua sendo meu unicórnio, e isso é muito especial para mim.

Desde que eu li Birthday Girl eu tenho procurado premissas semelhantes para ler, e depois da indicação de uma amiga resolvi encarar o livro da Kel Costa. Deixo claro que eu gostei muito da obra, mas alguns problemas me fizeram achar a leitura cansativa. Principalmente Mariana, que é uma personagem bastante carismática e divertida, mas extremamente infantil. Entendo que a autora quis trazer uma mulher saindo da adolescência e entrando na vida adulta, mas Mariana conseguia ser tão criança que dava nos nervos e chegou a ser extremamente cansativo. Outra coisa que me incomodou foi o palavreado dela: trombeta e bacurinha pra se referir a pênis e vagina, e tudo bem, não tenho nada contra a esse tipo de vocabulário, mas mirmã, uma moça de 19 anos falando assim?? Não, não comprei. Achei estranho e forçado demais. Sem contar que em algumas cenas Mariana era mó descarada e safada em seus avanços em Arthur e do nada ela ficava toda inocente e com vergonha? Uhum tá. Não me convenceu. Acho legal ter as duas características da personalidade, mas o exagero aqui foi o que caiu mal.
Arthur praticamente carrega o livro nas costas. Ele é muito interessante e pelo fato de ser maduro, gostei muito mais dele do que de Marina. Ele sabe que se envolver com a irmã do melhor amigo é um problema, não somente pela diferença de idade, mas também pelo fato de conhecer Marina a vida toda. Isso é algo que pode mudar completamente a dinâmica familiar entre eles, e como Arthur não é bobo, não quer correr o risco de foder a situação. E foi na forma como ele agia com Marina a respeito disso que eu gostei mais ainda dele. Mesmo com ela se esfregando e se insinuando pra ele 70% do tempo, Arthur é bem articulado e sabia sair da situação de forma divertida e sem pesar nas suas ações em relação a ela. Aqui antes de um possível namorado, ele era antes de tudo uma figura paterna, e ele tenta levar isso ao máximo possível na história.
Apesar da autora ter abordado bem a questão da idade, ainda acho que Birthday Girl consegue explanar melhor a diferença de idade dos protagonistas mais do que a obra que temos aqui.

Quarenta anos na cara, incontáveis mulheres na cama, e aqui estava eu, idealizando momentos com uma menina que possuía metade da minha idade.

E isso nos leva as cenas sexuais. Apesar do livro ser erótico, o sexo só acontece mesmo lá pro final da obra. Marina é virgem e não é como outras protagonistas que quando perdem já se sentem doidas pra sair dando por aí. Kel acertou na construção dessa característica da personagem mostrando uma garota simples, com inseguranças e nem um pouco ansiosa por sexo. Claro que ela tá ali 24h se insinuando pro Arthur, mas a ideia de estar com ele é muito maior do que a ideia de fazer sexo com ele. Deu pra entender? O livro é todo basicamente sobre preliminares, em resumo.
E dessa mesma forma a autora aborda outro tema: o distúrbio alimentar. Por ser influencer, Marina tem sérias obsessões com seu corpo e por isso induz o vômito em várias cenas da obra. Apesar de não achar ser tão pesado quanto achei que o tema seria retratado, a autora conseguiu trabalhar a bulimia de uma forma que não ficou rasa porém não tão profunda.

A vida é assim, complexa, de altos e baixos, com várias nuances, nem sempre ela será um mar calmo, mas é quando sobrevivemos às ressacas que aprendemos e evoluímos. E desabafar faz bem.

Outra coisa que pesou negativamente na obra é o excesso de páginas. O livro tem mais de 700 e pra um romance isso é um exagero! Eu geralmente não me importo com isso mas em Minha pequena mulher senti que deixou a leitura muito arrastada. Quanto mais eu lia parece que o final nunca chegava, e isso me cansou demais durante a leitura. 
Fora os adendos, a escrita da Kel é bem gostosa e divertida. Eu confesso que ri horrores das trapalhadas da Marina e das interações dela com o Arthur. Se a autora não tivesse pesado tanto na infantilidade da protagonista e tirando umas 300 páginas com certeza minha nota teria sido muito melhor. Mas se você quer se arriscar no romance e no tema abordado, eu super recomendo!

Minha pequena mulher | 736 páginas | Publicação independente | Nota: 3,5/5

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