Capítulo Treze

Solo Raso – Sandro Muniz | Resenha

Uma ilha paradisíaca, praias, montanhas, florestas verdes… mas suas conexões com o passado terão um grande preço. Poderia esta ilha ser uma Arca de Noé invertida?

O que é uma mãe privada de seus filhos? O que é um povo privado de seu passado? Por que florestas explodem sem explicação?
Após um episódio traumático e violento, o arqueólogo Pedro Gilga Sacks é transferido para longe de sua família. O que deveria ser uma rotina de trabalho tranquila logo se revela uma teia de segredos conforme Pedro descobre que a Ilha onde deveria recomeçar enfrenta problemas maiores que a retirada de suas terras, desmanche da ilha, para aterros no continente.
Moradores evitam se aventurar pela mata ― os que se atrevem voltam com marcas permanentes. Isso quando conseguem sobreviver.
Poderia ter ocorrido em solo brasileiro uma grande guerra mundial?
“Deus, o vento e o mar mandam na gente. Nos mostram a realidade dura…”
Entre mulheres que desaparecem inexplicavelmente, uma tabuleta sagrada e um profeta que deixa ovos por toda a Ilha, Pedro corre contra o tempo para desvendar todos os mistérios.
Mesmo que sua vida seja o preço.

Livro cedido em parceria com o autor em troca de uma opinião sincera. 

Pedro Gilga é um arqueólogo que após passar por um evento traumático em seu trabalho, é transferido para uma nova escavação em uma ilha. A Ilha, desconhecida para muitos e interessante para seus habitantes, é envolta em vários mistérios. Um deles é a Floresta da Morte, que compõe boa parte do território da ilha e insiste em matar várias pessoas com suas Explosões. Ninguém sabe ao certo o motivo dessas explosões, e os poucos que se atreveram a entrar na floresta para investigar, nunca voltaram, ou se voltaram, tiveram seus corpos mutilados.

Todos que entravam nessa mata morriam ou voltavam sem algum membro do corpo.

Outro mistério que permeia o lugar é o desaparecimento constante de mulheres. Alguns dizem que elas escaparam de seus maridos agressivos, deixando suas crias, mas nada se pode provar.

Em meio as escavações, Pedro e Eugênia, uma colega de trabalho, irão tentar solucionar esses mistérios. Mas quanto mais tentam descobrir a respeito, menos tempo eles tem. E se eles não tomarem cuidado, suas vidas estarão em jogo.

Solo Raso tem uma narrativa bastante marcante. Em terceira pessoa somos apresentados a todos os personagens que permeiam essa obra. Pedro é um protagonista carismático, mas um pouco mole pro meu gosto. Eugênia é mais audaciosa, mas não tem tanto destaque na trama. Ceolfrido parece mais um velho lunático a princípio e Padre Lucius é quem vai conduzir toda a história da Ilha.

Se tem uma coisa que me chamou atenção foi a narrativa. Sandro escreve maravilhosamente bem. Os capítulos são bastante curtos, apesar de muitos, e mesmo assim somos imersos em suas poucas páginas. Você se sente dentro da ilha, imaginando a história de seus moradores, passeando pelas vilas, tentando entender todo o mistério da trama. A narrativa e o cenário são tão interessantes que eu achava que fosse um lugar real, e fiquei bem surpresa (e um pouco decepcionada) por ser fictício. Mas mesmo assim, é um livro que te prende desde o primeiro capítulo, e que nos instiga a continuar a leitura.

A história é bem corrida e o autor nos entrega toda uma história que incorpora o mistério da ilha. Temos muitas referências a Igreja Católica, à Segunda Guerra Mundial, às Expedições… apesar de vários detalhes, nada é ao acaso e serve justamente para contextualizar toda a trama. Inicialmente parece que nada casa entre si. O que os mistérios tem a ver com o nazismo?? E as explosões que ocorrem no solo? Mas o autor cria uma teia separada, que vai caminhando e se encontra no final. 

Mesmo com todas as explicações, que eu achei bem condizente com a trama que o autor criou, não existe nenhuma ponta solta, eu queria que fosse um pouco mais lento, para o leitor poder absorver melhor toda a resolução do mistério. Mas mesmo assim, foi bastante interessante ver aonde essa história iria dar.

Os personagens são legais e como são em terceira pessoa, não nos aprofundamos muito em suas histórias, exceto o Pedro. Mas também não me envolvi tanto com o protagonista, talvez porque eu achei que algumas atitudes não condiziam com o personagem. Mas nem tudo é o que parece, e é por isso que algumas reviravoltas e surpresas irão nos encontrar ao longo do caminho. Alguns detalhes que foram colocados me pareceram pouco trabalhados ou não casaram com o resto da trama, fiquei meio sem entender o que o autor queria fazer com aquilo, e no fim, não teve muita explicação.

A leitura foi super gostosa! Os capítulos curtos e a narrativa fazem a história fluir rapidamente, você termina o livro que nem percebe. Então é uma história bem interessante, com uma riqueza de detalhes impressionante. O livro está disponível no KU. Super recomendo!

Solo Raso | 165 páginas | Publicação Independente | Nota: 4,5/5

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