Capítulo Treze

Daisy Jones and The Six: Uma história de amor e música – Taylor Jenkins Reid | Resenha

Embalado pelo melhor do rock’n’roll, um romance inesquecível sobre uma banda dos anos 1970, sua apaixonante vocalista e o amor à música. Da autora de Em Outra Vida, Talvez?.

Todo mundo conhece Daisy Jones & The Six. Nos anos setenta, dominavam as paradas de sucesso, faziam shows para plateias lotadas e conquistavam milhões de fãs. Eram a voz de uma geração, e Daisy, a inspiração de toda garota descolada. Mas no dia 12 de julho de 1979, no último show da turnê Aurora, eles se separaram. E ninguém nunca soube por quê. Até agora.

Esta é história de uma menina de Los Angeles que sonhava em ser uma estrela do rock e de uma banda que também almejava seu lugar ao sol. E de tudo o que aconteceu — o sexo, as drogas, os conflitos e os dramas — quando um produtor apostou (certo!) que juntos poderiam se tornar lendas da música.

Neste romance inesquecível narrado a partir de entrevistas, Taylor Jenkins Reid reconstitui a trajetória de uma banda fictícia com a intensidade presente nos melhores backstages do rock’n’roll.

Livro cedido em parceria com a editora. 

O livro contém gatilhos emocionais.

Fui convidada pela Paralela para fazer a leitura conjunta de Daisy Jones and The Six, da famosa autora Taylor Jenkins. E antes que você vá ao google dar uma pesquisada sobre a banda (eu já fiz isso), saiba que ela não existe.

Acho que a grande sacada dessa obra é a narrativa. O livro são transcrições de entrevistas com ex-integrantes da banda de sucesso dos anos 70, e por um momento você se sente parte dessa história, como se essas pessoas tivessem existido de fato. Mas não! É tudo ficção, e uma das boas, por sinal. É uma espécie de documentário muito bem estruturado, e que com certeza consegue carregar a trama até o fim.

Eu acho que é óbvio que o tipo de livro que a Jenkins escreve não é para mim, e foi por isso que eu nunca me interessei em ler uma obra dela. Mas eu pensei em dar uma chance, e senti tantas coisas, não necessariamente boas, que me levam a crer que realmente suas obras não fazem meu estilo. 

É difícil gostar de um livro quando você não gosta dos seus personagens. E com Daisy Jones and The Six foi exatamente isso que aconteceu. Nenhum personagem aqui me pareceu carismático (ao menos os que deveriam ser), e antes que você me diga que foi o intuito da autora nos entregar personagens reais e detestáveis (eu sei disso), é muito difícil você gostar de uma obra quando antes ela não lhe chamava atenção, e que quando mesmo assim você lê, não existe um personagem que você gostaria de levar consigo (exceto a Camila, claro).

Aqui temos todos os personagens da banda dando uma entrevista a documentarista, no caso, a autora. Billy, Daisy, Red, Teddy, Camila, Karen, Eddie, Warron, Graham, Pete e tantas outras pessoas que viram e fizeram a banda acontecer. Iremos acompanhar o início sem perspectiva, o começo lento mas promissor, o sucesso inevitável e latente e a rápida queda.

Mas é óbvio que apesar de termos tantos pontos de vista, é claro que os holofotes ficam presos em alguns, no caso Billy e Daisy, que são as grandes estrelas da banda.

Billy e Graham, que são irmãos, começaram no início dos anos 70 a tocar juntos, e depois de tantos acréscimos, eles se tornaram The Six. A banda estava lentamente começando a fazer sucesso, mas faltava algo a mais sabe? E Daisy um dia surgiu.

Daisy Jones era uma garota maluca viciada em drogas mas também em compor. E depois de tantas indas e vindas, ela enfim estava lançado seu primeiro álbum. A voz dela era incrível, as composições nem tanto, mas sabia que tinha talento. E foi por isso que Teddy viu o potencial ao fazer os The Six a gravarem uma música com ela. O problema é que Billy não gostava de mudanças, e ter Daisy em uma parceria claramente era um tiro em seu mundinho completamente ordenado.

A verdade é que Billy era um puta controlador egoísta. Ele mandava em todos, criava as músicas, não deixava os integrantes darem opinião e a ameaça de uma garota mudar toda a sua dinâmica foi aceita com muita reserva. Some isso ao fato de Billy secretamente ser atraído pela beleza singular de Daisy.

Daisy também não fica para trás. Apesar de toda a personalidade que ela tinha, e que muitos gostavam de exaltar, eu não conseguia deixar de vê-la como uma mulher mimada, sem rumo na vida, que se vendia facilmente as drogas e não sabia qual caminho seguir. Mas ela também sentia um certo apego a Billy, e quando ambos começaram a compôr juntos, aí é que as coisas ficaram bem mais intensas. Era óbvio que eles estavam apaixonados e tentando disfarçar toda a atração.

Mas qual é o problema disso, certo? O problema é que Billy era casado com Camila, com quem tinha três filhas. E não somente isso, mas Camila era literalmente o escape de Billy já que o mesmo teve muitos problemas com o vício em álcool e drogas no início da carreira, e era por ela e pelas meninas que Billy não cedia. 

Só que chega em um ponto na narrativa que dá pra sentir a tensão entre eles se tornar algo pesado demais para suportar. Eu me coloquei diversas vezes no lugar da Camila, tendo que passar por esse tipo de situação. Lidando com um marido meio ausente, ex-viciado em drogas e que provavelmente estava a ponto de foder outra mulher. Por que apesar de todas as tentativas que Billy fez para mostrar que ele não iria ceder, o fato dele sempre ficar olhando para Daisy intensamente e eles trocarem aqueles olhares cheio de significados, isso me parecia sim uma traição. Na verdade fiquei muito revoltada com a cara de pau dele e a escrotice de ainda fingir não existir nada entre eles quando todos sabiam que eles estavam super envolvido um pelo outro. Até Camila sabia.

E isso me leva a um ponto que me deixou com muita raiva na história. Camila sabia que Billy não a merecia, mesmo assim ela tinha uma ideia tão idealizada de família que ela passava por cima do próprio orgulho e continuava perdoando ele sabe? Porque foda-se ele e Daisy nunca se beijaram, só o fato do Billy ter que ficar se controlando todo dia para não olhar em outra direção para uma mulher, já mostra que o cara não vale a pena né? E assim, a personagem se prendia constantemente nessa ideia de amor e família que ela e Billy construíram. E eu me ressenti muito de vê-la passando por essa situação. Só queria estapear ela e falar ‘se toca mulher, dá um pé na bunda desse cara que ele não te merece’.

Sério… quem leu o livro sabe que a Camila é um anjo. No início ela sofre horrores porque o Billy trai ela com Deus e o mundo e ainda por cima se vicia em drogas, simplesmente pra anos depois ele começar a querer fazer a mesma merda??

E temos a Daisy… que meu Deus eu não conseguia engolir. Ela era o tipo de personagem que só fazia merda e achava que estava abalando. E o abuso excessivo de drogas me incomodou muito na história. Até uns 93% da trama a Daisy ainda fica se drogando e eu ficava tipo “meu Deus, ninguém se preocupa com essa mulher não? ela tá se acabando e ninguém tá vendo?”. E o pior é que todo mundo via, mas não se esforçava muito pra ajudar. Sentia que a Daisy não tinha uma boa qualidade a não ser bonita, ter a voz sensual e ser uma mulher intensa. Fora isso, quem ela realmente era?? Uma deusa do rock? Ou só uma viciada qualquer? Senti que não a conhecia direito porque tudo o que a Daisy era era um reflexo das drogas em seu corpo.

É por isso que eu odiava ela e o Billy terem um envolvimento. Além do fato dele ser casado, Camila representava estabilidade e uma chance dele ser uma pessoa decente, mas Daisy representava o quê? Ela era uma mulher viciada, que ás vezes andava tão chapada que nem sabia o que estava fazendo, e eu sentia que se caso o Billy cedesse um pouco que fosse (não que ele não tenha feito isso), ele iria começar a se auto destruir como ela. Billy estava na linha tênue entre vício e sobriedade e Daisy seria só a cartada final que faltava para ele voltar a ser tudo o que era no começo do livro, e te digo, não daria meses para eles morrerem. E assim, não sei para vocês, mas é muito cansativo ficar acompanhando personagens que sempre estão tentando se destruir. Você sente a empatia, mas chega num ponto que você simplesmente cansa de ficar vendo a pessoa cometer os mesmos erros.

É por isso que mesmo odiando Camila ainda ter escolhido ficar com ele diversas vezes, eu ainda a agradecia por ela ainda ter fé e ser resiliente para aguentar lidar com um homem como ele. Sinceramente, eu não teria nem um pouco dessa força de vontade que ela tinha, eu já teria me mandando embora há muito tempo.

E assim, eu sei que o livro é a respeito de música. Em se tratando disso, a autora não errou em nenhum momento. Ela conseguiu desenvolver muito bem o cenário de uma banda de rock em acensão nos anos 70, mostrar todos os lados da coisa, o sexo, álcool, drogas e brigas em excesso. Me incomodou pra caramba ver todos os personagens quase todo dia se drogando? Com certeza, mas era um reflexo daquela época, e isso a autora mostrou muito bem. Existe também a questão do empoderamento feminino que vai crescendo aos poucos ao colocar em destaque várias mulheres que tomam as rédeas de sua própria vida sem precisar de um homem. Usar roupas curtas sem se importar com os olhares, ou preferir interromper uma gravidez ao invés de parar de trabalhar são uma das lições sutis e interessantes que mostram que as mulheres enfim estavam começando a se colocarem em primeiro lugar.

Os demais personagens são bem interessantes, mas não me cativaram. Acho que as únicas que se salvam são a Camila e a Simone, o resto eu descarto completamente. Pra mim Camila ali era a única que merecia ser feliz, e ironicamente foi a única que teve um final diferente dos demais. 

Apesar do que a maioria achou da obra, eu sinceramente não gostei. Não é a história, mas os personagens que não a fizeram funcionar para mim. E também teve toda a questão da atração de Billy e Daisy, que me deixou com nojo por todos os motivos que já citei anteriormente. Infelizmente não posso dizer que um livro que me deixou tão mal, cheia de angústia, é uma obra boa. Terminei a história com raiva dos personagens e quanto mais eu pensava sobre, mais raiva eu sentia. Não foi um livro para mim. Mas eu acho que pode ser um livro para quem quiser correr o risco e entrar de cabeça nessa história. 

Daisy Jones and The Six: Uma história de amor e música | 360 páginas | Editora Paralela | Nota: 2,5/5

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