Emily Wilde é uma jovem professora adjunta apaixonada pelo mundo acadêmico e tudo o que envolve o Povo das Fadas. Durante longos anos, ela tem estudado e se empenhado para pesquisar todas as espécies feéricas e reunir o máximo de informações para a enciclopédia que está escrevendo. Falta apenas um povo a ser estudado para que Emily finalize seu livro, os Ocultos, fadas tão raras que pouco se sabem sobre elas. Mas tudo o que Emily se propõe a fazer, ela segue até o fim. Acompanhada de seu fiel cachorro, ela parte para Ljosland, um pequeno povoado escandinavo, disposta a descobrir mais sobre esses seres mágicos.

Porém nada a havia preparado para as dificuldades que iria encontrar ao longo do caminho. O frio e a falta de jeito para se virar sozinha se mostram um grande obstáculo assim que a professora chega à cidade. Para piorar, parece que os aldeões não foram muito com sua cara e não estão animados em ajudá-la. O que ela sabe é que algo perigoso se esconde em meio ao cenário tão inóspito, e Emily está ansiosa para descobrir o que é.

A enciclopédia das fadas de Emily Wilde foi uma leitura muito interessante e um pouco diferente de tudo o que eu já havia lido. Ao trazer uma ambientação realista, porém com elementos fantásticos, é como se o leitor estivesse em um lugar único dentro da história. Mesmo que a trama siga uma linha narrativa bem linear, sem muitas reviravoltas ou momentos de tensão, eu fiquei totalmente imersiva com o desenrolar da história, ansiosa pelo próximo capítulo. A escrita da autora com certeza contribuiu muito para isso. É uma narrativa tão viciante que você só quer ler sem parar mais.

Apesar de ser uma fantasia, a autora não entra muito na questão mágica, se atentando mais ao dia-a-dia da protagonista e sua jornada em Ljosland, enquanto suas descobertas a respeito do Povo vão sendo documentadas. Foi muito legal acompanhar os personagens nesse universo e ouvir as histórias e teorias sobre as fadas. Senti que a autora trouxe muitas lendas celtas e irlandesas para embasar o livro, e deixar ele mais crível e interessante para o leitor. Esse estilo de história me lembrou muito os livros da Shea Ershaw, principalmente pela questão da narrativa mais sóbria.

Emily é uma personagem bem interessante e mesmo que não queira, carismática. Viciada em livros mais do que em pessoas, a moça tem muita dificuldade para socializar e fazer amigos, sendo mais feliz estando sozinha. Mas ao longo da leitura, a própria vai perceber que talvez estar rodeado de pessoas seja uma coisa boa. Porém, até ela enxergar isso, é um trabalho longo que a autora vai ter que percorrer. E por isso a figura do Wendell é tão importante na história. Wendell é um rival acadêmico de Emily e possivelmente seu único amigo. Ele surge em Ljosland com a ideia de ajudá-la na pesquisa mas tendo seus próprios interesses para estar ali. Apesar de ser folgado e mais atrapalhar que ajudar, a presença dele traz um viés cômico e irônico para a trama, o que deixou a história mais divertida pra mim.

Vale ressaltar que temos uma pontada de romance, mas é tão pouca que eu nem diria que tem romance nesse livro. Apesar de ter shippado esses dois como louca, a autora nos deu apenas migalhas de um possível casal, que talvez se desenrole mais no segundo livro.

Único detalhe que eu não gostei tanto foi o final. Eu achei que algumas coisas destoaram um pouco do resto da história, principalmente a resolução. Achei que algo importante fosse acontecer, só que a sensação que tive foi que tudo se resolveu fácil demais. Foi meio anticlimax, sendo bem sincera. Mas estou animada para a próxima aventura dos personagens e mergulhar mais uma vez nesse universo.